Importância do acompanhamento seriado nos indivíduos portadores de líquen plano oral

Importância do acompanhamento seriado nos indivíduos portadores de líquen plano oral

Autores:

Cristina Nahas Martin
Médica do setor de otorrino-pediatria da UNIFESP
Andressa Rocha Camporez
Residente do terceiro ano de otorrinolaringologia da UNIFESP
Carlos Eduardo X. S. Ribeiro da Silva
Cirurgião Dentista estomatologista da UNIFESP / UNISA
Cleonice Hirata
Chefe do setor de estomatologia na UNIFESP
Luc Louis Weckx
Chefe do departamento de otorrino-pediatrica da UNIFESP
Artur Cerri
Titular de Estomatologia da UNISA

Autora: Cristina Nahas Martin
Rua Barão do Bananal 450/91
V. Pompéia, São Paulo- SP
Cep 05024-000
e-mail: crisnm99@hotmail.com

Importância do acompanhamento seriado nos indivíduos portadores de líquen plano oral

Relato de caso

I. Resumo

Nosso trabalho visa mostrar, através de um caso clínico, a importância do segmento bem feito de um portador de líquen plano oral na detecção precoce do carcinoma espinocelular na cavidade oral.

II. Descritores

Líquen plano oral
Potencial maligno
Carcinoma espinocelular

III. Introdução

O Líquen Plano é uma desordem relativamente comum entre as alterações mucocutâneas, com incidência igual ou maior que a psoríase.1 Líquen plano oral é uma inflamação crônica da mucosa oral sem causa conhecida, caracterizada por remissões e agudizações.2,7 Um terço dos pacientes com líquen cutâneo tem lesões orais.1 Afeta mais mulheres na proporção variando de 1,4:1 até 3:1.1,2,3 Predomina em idades superiores à 40 anos, mas pode afetar crianças e adolescentes também.

Pode se apresentar de três formas: reticular, eritematoso ou atrófico e bolhoso. O diagnóstico é feito com anamnese e exame físico, muitas vezes precisando fazer o exame histopatológico, tanto para o diagnóstico quanto para diferenciar de outras lesões brancas ou lesão ulcerada oral.1,2,7

A descrição clássica inclui hiperqueratose, degeneração da membrana basal e infiltrado constituído por linfócitos, na região sub-epitelial. Mas nem sempre os sinais clássicos estão presentes, neste momento podemos optar pela imunofluorescência que nos ajuda no diagnóstico.1,2,4,6,7 a imunofluorescência cora fibras e fibrinogênios na membrana basal.

O líquen plano é considerado uma lesão pré-maligna. Mas sua transformação maligna é controversa. Aproximadamente 0,2% dos liquens orais evoluem para carcinoma ao ano. Porém menos que 0,5% dos com líquen plano e não fumantes desenvolvem carcinogênese. É mais comum a transformação maligna em liquens erosivos ou atróficos. Aumenta o risco de transformação quando o portador de líquen é exposto a fatores mutagênicos, pois se torna mais sensível, eles são o tabaco, álcool, mascar fumo e candidíase.

IV. Relato do caso

MMN, 73 anos, sexo feminino, natural de Minas Gerais e procedente de São Paulo há 58 anos; veio ao nosso serviço queixando-se de aftas recorrentes há 3 anos em fevereiro de 1995. Após tratamento odontológico com confecção de próteses dentárias (prótese total superior e parcial inferior removível do lado direito), passou a apresentar lesões aftosas recorrentes em lateral direita da língua. Referia dor local após ingesta de alimentos ácidos, e negando etilismo e tabagismo.

Ao exame físico apresentava lesão branca, endurecida em bordo lateral direito de língua com aproximadamente 4,0 x 2,0 cm.

Foram levantadas as hipóteses diagnósticas de líquen plano e leucoplasia. Realizada biopsia incisional em bordo lateral direito obtivemos como resultado de líquen plano em fevereiro de 1995.

Na ocasião foi prescrito corticóide tópico (beclosol spray) no local com melhora importante da sintomatologia da paciente, e pedido retornos de 3 em 3 meses para proservação da lesão, fato este que foi seguido religiosamente, Estando relatado apenas um hiato nas consultas entre 1996 e 1998.

A paciente retornou em abril de 2003 onde foi observada uma lesão sobrelevada de 3,0 x 2,0 cm; Foi realizada exérese da mesma, sendo descrita no anatomo-patológico como processo inflamatório crônico com acantose, hiperqueratose e paraqueratose. Descrição esta compatível com líquen plano. Sendo assim foi mantida a conduta de corticóide tópico e retornos seriados para acompanhamento.

Em abril de 2005 retorna relatando crescimento da lesão durante os últimos 6 meses e dor local. Ao exame é observada lesão vegetante em borda direita de língua. Realizada biopsia incisional na consulta. O resultado do serviço de anatomia-patológica do Hospital São Paulo foi de estomatite liquenóide e glossite liquenóide. Mas como a suspeita clínica se mantinha como carcinoma espinocelular foi repetido em junho deste mesmo ano nova biópsia e mandado para dois lugares conceituados, sendo um deles o nosso serviço de patologia clínica e ambos tiveram como diagnóstico de carcinoma espinocelular bem diferenciado superficialmente invasivo.

Na descrição da lâmina nos mostra epitélio malpighiano com trecho em solução de continuidade onde há lesão de crescimento infiltrativo constituída por células epiteliais anaplásicas e em diferenciação espinocelular, estando dispostas em blocos sólidos, arranjos cordonais e estruturas concêntricas onde os citoplasmas se apresentam queratinizados (pérolas córneas). Os núcleos são pleomórficos e hipercromáticos, de cromatina grosseira irregularmente distribuída, tendo citoplasma eosinófilos e homogêneos. O estroma de linfócitos e plasmócitos, além de vasos congestos e edema.

A paciente foi encaminhada a Disciplina de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da UNIFESP, onde foi realizada glossectomia parcial encontrando-se em acompanhamento.

VI. Conclusão

A associação de líquen plano e carcinoma espinocelular é controversa. Foram encontradas displasia associada ao líquen oral em 11 a 25%.2 A literatura propõe que se faça retornos seriados para acompanhamento das lesões a cada 4 meses e biopsias a cada 6 meses. Que se mantenha o indivíduo sempre sem ulcerações ou atrofias (tendo em vista que são as lesões mais correlacionadas com a transformação maligna), ou ainda sem candidíase que é comumente encontrada no diagnóstico e durante o tratamento com corticóides ou imunossupressores. A candidíase é um outro fator de risco para a carcinogênese, bem orientado quanto à associação de outros fatores de risco, como tabaco e álcool. Como sabemos se o diagnóstico é feito em T1 o tumor é curável. Não temos como evitar a transformação maligna, mas com cuidado constante temos como evitar maiores mutilações e maior chance de cura.

Importance of regress series in pacients with oral liquen planus

I. Abstrat

Our work aims at to show, through a clinical case, the importance of the segment made well of a carrier of verbal plain lichen in the precocious detention of the carcinoma to espinocelular in the verbal socket.

II. Descriptors

Oral liquen planus
Malignant potencial
Squamouus cell carcinoma

V. Bibliografia

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